Review: Rurouni Kenshin Movie (Comprovando que mangás tem de ser adaptados por japoneses)
09/01/2013às 06:33
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Por: Doraemon
No geral, gostei bastante de como apresentaram a história do Hitokiri, Battousai, Rurouni, Kenshin Himura
O filme une em um só os arcos do falso Battousai, do Jin-E e do Takeda Kanryu. O que se provou uma boa decisão, já que na obra original cada um deles serve para apresentar um lado distinto do universo (premissa, violência e nova era) e assim o filme ganha peso.
O enredo é bem amarrado no geral. O drama é suficientemente encorpado. Mas ambos ganhariam se o foco trabalhado fosse diferente, o que discuto mais abaixo.
Os personagens são carismáticos e tem histórias exploradas em diferentes níveis de qualidade (tendendo positivamente).
Alguns dos pontos fracos deste filme eu relevo na expectativa de prováveis sequências: Se o lado político-social da história fica em segundo plano neste filme, espero que ele seja um dos cernes dramáticos do filme com o Shishio. Se a história da cicatriz do Kenshin foi apresentada de relance – e estragaram o heroísmo do marido da Tomoe – espero que ela seja um dos cernes dramáticos do filme com o Enishi.
Por fim, se de um lado vejo pecados na direção dramática, o mesmo não acontece na direção de ação.
Nota: 8,5/10
A partir daqui exploro o filme em tópicos repletos de SPOILERS!!!!!!!!!!!
Caracterizações
- Ainda quero arranjar uma explicação do por que os japoneses conseguem ter tanto sucesso no que os americanos tem tanta dificuldade. O desafio de transpor para carne e osso os exageros do 2D foi superado com folga.
(dango x bokutou)
Takeru Sato conseguiu achar o ponto certo entre o Kenshin baka e o battousai, tornando os momentos de transição bastante orgânicos. O restante também faz um ótimo trabalho. Emi Takei, tornando a Kaoru mais simpática. Munetaka Aoki, fazendo o Sanosuke arruaceiro na medida certa para gostarmos dele. Taketo Tanaka, sendo uma versão mais infantil e por isso mais real do Yahiko. Yu Aoi (muito irreconhecível pra mim huah), entregando bem os momentos dramáticos da Megumi.
Teruyuki Kagawa consegue transpor toda a loucura do Kanryu, sendo um dos personagens mais mangaísticos do longa, sem que isso seja um defeito. Já Koji Kikkawa (alá o pai do Eita “Sunanare” XD) faz um Jin-E bem distante da obra original, até porque sua constituição física é bem diferente, e acerta ao empregar um tom mais sombrio ao personagem.
****
Gosto também da composição geral dos personagens, por mais que eles, em sua maioria, sejam pouco aprofundados. Não que isso seja muito um defeito agora, já que a história ainda está no arco introdutório.
Mas olha só, a Kaoru e a Megumi são bem trabalhadas mesmo com o pouco tempo que têm. Até o Sanosuke, cujo passado foi ignorado, me pareceu anexado ao grupo de forma orgânica. Gosto de personagens presentes que são descobertos tardiamente.
No entanto, há exceções que prejudicam a intensidade da história (e talvez aqui as críticas sejam à obra original, que ficam mais evidentes em um produto compacto / de releitura):
1- Saitou é apresentado como um cara correto, mas a questão de seu orgulho suprimido a favor do país é pouco acentuada. Poderiam resolver isso ao darem ênfase na rivalidade com o Kenshin e a busca de um último duelo, mas transformaram esse ressentimento em apenas um julgamento moral sobre o não uso da espada para matar.
2- Kanryu é pouco explorado como símbolo da ineficácia do novo sistema, mesmo após toda a luta que se travou para “melhorar o Japão”. Para mim, aquele diálogo com o Saitou sobre provas, mandatos e samurais famintos não foi o suficiente. Queria ver mais de seu lado manipulador sobre uma sociedade facilmente manipulável.
3- Kenshin tem seu instinto sanguinário colocado em segundo plano, como se a decisão de matar ou não fosse sempre racional / moral. Gostaria que esse ponto fosse mais explorado aqui, já que considero esse um dos cernes da relação dele com a Kaoru.
- Li algumas pessoas acharem o Jin-E um tanto descolado da trama, sendo ele ou o Kanryu um excesso. Acredito que isso tem muito a ver com a estrutura em quatro atos comum no cinema japonês. Para quem não está acostumado com os dois clímaces, pode parecer gordura / enrolação.
No entanto, essa luta me incomoda no momento da execução do Jin-E. A resolução do Kenshin em matá-lo surge como uma decisão lógica, justificável, devido às circunstâncias que o próprio vilão impôs.
Ele não demonstra vestígios de um desejo por sangue. Ou um sentimento de derrota frente a um destino inescapável.
Se fosse diferente, o pedido da Kaoru para ele não voltar a ser o Battousai seria mais dramático (até porque a questão do estilo Kamiya Kasshin, da espada que protege a vida, e o gosto do Kenshin pela filosofia foi bem montado). Mas aqui critico o mangá de novo.
Outra pequena crítica vai para a cena da morte do Kiyosato, noivo da Tomoe.
A ambientação de todo aquele flashback foi bela. E ele serviu para pontuar a dor que os assassinatos causam àqueles ao redor. Mas a montagem da cena da morte em si chega a ser irreverente e tira bastante da insinuação heroica do momento: a de que Kiyosato superou suas próprias forças para proteger sua felicidade junto à amada e assim conseguiu ser o único a marcar permanentemente o rosto do Battousai.
E o contexto se perdeu (o noivo, incerto sobre o amor da reticente, mas apaixonada Tomoe, vai para Kyoto a fim de alcançar grandes feitos para impressioná-la).
Talvez essa história devesse ficar para depois, deixando apenas a cena da mulher chorando sobre o corpo do noivo morto.
- É incrível como bons coreógrafos estão se tornando peça comum em obras japonesas. Combinados com atores dedicados que dispensam dublês, o resultado são sequências de botar no chão vários filmes mais pomposos de Hollywood.
Ponto também para a direção, que deixa à mostra os movimentos das espadas, permitindo que entendamos seu fluxo, chegando até a desacelerar cenas para que vejamos manobras mais complexas.
Li pessoas criticando a luta com o assassino mascarado, por ser destoante do resto das batalhas. No entanto, acho que há muito mérito nela, justamente por contrapor o kenjutsu ao advento das armas de fogo, muito mais do que a metralhadora do Kanryu. Além disso, ele dá uma boa noção da maestria com que Kenshin domina o Hiten Mitsurigi Ryuu.
E para ser clichê, elogio também a luta bem humorada entre Sanosuke e Banjin (detalhe que o ator que faz o último, Genki Sudou, é um budista ex-lutador de mma).
(“Sou vegetariano. Coitadinho.”)
Uma observação: Ainda quero ver os filmes quebrarem esse esquema de lutas paralelas, principais x principais, subs x subs, um cai o outro cai, um se levanta o outro também.
Um medo infundado que passou: No momento em que Kenshin derrota Jin-E, fiquei com medo de que iriam banalizar o Amakakeru Ryuu no Hirameki. Mas pesquisei aqui e ele sempre usou a Souryuusen contra o Jin-E.
Um desgosto: A técnica do Saitou virou um salto. Toda aquela explicação pseudotécnica dos estilos desapareceu. E o golpe acaba sendo o único mangaístico do longa (mesmo a técnica paralisante do Jin-E tem uma explicação surreal, mas lógica, para ela). Acho que esse é o ponto final para dizer que o personagem foi o pior adaptado.
(Para o alto e avante)
Um defeito especial: Dá pra ver várias vezes que a espada do Sanosuke é de espuma huah
- Durante a batalha, os lados ficaram um pouco nublados. Quem está do lado do shogunato e quem é imperialista? De que lado Saitou estava? Ok, sei que o Shinsengumi lutava pelo modelo vigente, então ele estava do lado perdedor. Por que ele ainda pôde desafiar o inimigo? Afinal, como inimigos podem estar de pé em campo de batalha enquanto os reformistas declaravam vitória? Batalhas limpas. Entendo, mas me incomoda.
Gosto do olhar de desânimo do Kenshin após o fim do embate. A cena explora melhor sua dor e seus conflitos do que as insinuações futuras envolvendo sua cicatriz.
Gosto também da fala do Saitou sobre viver e morrer pela espada e como isso reflete no final do anime.
E o surgimento do Jin-E é bacana, com a herança da espada. Ele se torna um vilão bem mais encorpado. No entanto, é triste essa lâmina herdada não ser novamente mencionada.
(matta neh)
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