Review: Summer Wars
26/07/2010às 02:00
As férias de verão estavam condenadas a serem um tédio em forma de horas e horas de programação para um freela. Mas daí aparece a garota mais bonita da escola e te oferece um emprego temporário na casa dos parentes dela, lá no interior. O trabalho? Ser seu namorado.
E assim começa Summer Wars, aclamada obra do estúdio Madhouse, dirigida por Mamoru Hosoda, responsável por Toki wo Kakeru Kanoujo e um dos top da nova geração de animadores japoneses.
O longa foi lançado em 2009 com um certo estardalhaço na internet. As pessoas tem caçado um novo Chihiro há tempos e ele era um bom candidato.
O que o engrandece é a sensibilidade com que seus personagens são construídos e a crescente épica com que a história é narrada. Detalhe para o trabalho de direção: belos planos (como o da partida de Hanafuda e a panorâmica da família contra o sol) e transições com estilo (o dormir e despertar de Kenji e o modo como o jogo de baseball funciona na narrativa).
Mas aí vc pergunta. Família? Oz? What? Bom: Natsuki, a tal menina, pertence a uma enorme e influente família, quase um clã. Eles estão se reunindo para comemorar os 90 anos da matriarca. Kenji, o protagonista, ficou em segundo lugar nas olimpíadas nacionais de matemática. E Oz, o ambiente web, é o que conecta tudo hoje em dia. Até o presidente tem um avatar, com poderes para disparar mísseis com apenas um clique. E há alguém bagunçando tudo isso...
Bom, não consigo avançar muito mais sem dar spoilers. Aconselho, então as seguintes etapas.
Baixe o anime pelo MDAN ou pelo OtakuFans. Legendas em português. Versões em HD, com mais de 1,2 GB. O Anime Heavens deu uma baixada para pouco mais de 400mb. Eu assisti a versão do MDAN. O problema é que o arquivo deles tem umas partes corrompidas. Nada grave, só uns quadrados pixelados que aparecem em alguns poucos momentos de movimento.
Depois, ouçam o Jcast Review #30, com uma análise bem mais engraçada e completa que esta aqui =D. (Ouçam, eles. Cast muito bom).
E, depois, voltem aqui para ler alguns comentários com spoilers.
O filme é genial até sua metade. Explico. Quando Kenji chega na casa da vó de Natsuki, a forma como os cômodos e os parentes são apresentados são não só poéticos, como eficientes para estabelecer toda a dinâmica daquela família, que será importante mais para frente, quando duas coisas acontecem: A chegada de Wabisuke (não a zampakutou XP) e a morte de Sakae.
Por exemplo, logo no começo ficamos sabendo que o marido da Sakae fugiu para os EUA com uma amante e torrou toda a fortuna que a família fizera uma geração atrás com o comércio de seda. Mais para frente, quando Wabisuke, o fruto dessa traição, aparece, fica claro como praticamente todos da família meio que o rejeitam (parte por ele ser bastardo, mas muito mais pelo fato dele ter sumido dez anos de seu convívio). Mas ao mesmo tempo, vemos o olhar acolhedor de Sakae, perguntando se ele quer comer (e mais tarde, como esse convite rima com a carta deixada por ela à família).
Mas nessa mesma mulher em que reside carinho, reside força. A cena dela fazendo inúmeros telefonemas para amenizar o caos causado por Oz é genial. Mostra ela combatendo o problema tecnológico com um punhado de cartas e telefones anotados em um caderninho de papel.
E por último, a foto dela mais jovem, que transmite sem movimento ou narração alguma a força que ela um dia já teve e ainda tem, apesar do corpo cansado.
Força essa que ela demonstra ao atacar Wabisuke com a lança, quando descobre que o responsável pelos problemas em Oz foi ele e, em parte, ela própria. Afinal, era para devolver o dinheiro roubado pelo seu pai que Wabisuke desenvolveu a inteligência artificial.
E só agora chegamos em Oz. E essa é o ponto fraco do filme, na minha opinião. Não que a criação do mundo seja precária. Pelo contrário, acho super divertido como o ambiente e os avatares foram concebidos.
Mas após a morte de Sakae, o foco do filme desvia um pouco da família e vai para o mundo de Oz e a batalha contra a inteligência artificial.
O filme ainda continua funcionando quando está na família.
Parte dela se preocupando com o velório da Sakae e a outra em combater o mal que foi parcialmente responsável por sua morte (tudo bem, meio sexista, mas...). A mobilização para montar um computador eficaz para a grande batalha é engraçada demais. Até o conceito do King Kazma é interessante.
O problema é que aí o filme começa a cair em muitos clichês. A primeira armadilha que não dá certo (apesar de que terem transferido o gelo pro quarto com o corpo da Sakae foi hilário). A derrota de King Kazma. O desafio de Hanafuda (o vilão que, apesar de ter a vitória garantida, joga tudo pro ar em nome de uma aposta). A especialização da família em Hanafuda. A ajuda de toda a comunidade não absorvida. O arrependimento do Wabisuke e seu retorno para ajudar no combate. E os momentos de genialidade do Kenji para desviar o satélite em queda.
OK. Talvez seja minha geekness apitando. O fato de uma batalha virtual, com altos níveis de programação envolvida, ter virado uma simples partida de cartas (cujas regras são obscuras) tenha me incomodado um pouco. E o fato de que no fim, a batalha que necessitava de teras e mais teras de processamento ter sido praticamente decidida
por um grupo de pessoas com celulares e Nintendos DS.
Mas, nisso tudo, se salva a cena absurda deles comendo faltando apenas uma hora para o satélite acertar uma base nuclear! \o/ (daí aquela dinâmica familiar ter sido importante no começo do filme).
Então, já me repetindo, o filme funciona quando está falando sobre a família e falha um tanto quando está falando sobre batathas/tecnologia. Apesar que falar Koi Koi nunca foi tão empolgante. Próxima vez que jogar Mao Mao vai ser bem mais legal =D.
Apesar de tudo isso, o filme é uma obra prima. Empolgante, emocionante e épico à seu modo. Não sei, mas acho que ele funcionaria muito bem como uma série. A família e Oz dão muita história.
Summer Wars
Animação: 10,0
Roteiro: 9,0
Trilha Sonora: 9,0
Direção: 10,0
Imagens: Flying TeaPot; Animematic
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